Editorial COVID-19

07 de outubro de 2021

Posso tomar primeira dose da AstraZeneca e segunda dose da Pfizer?

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Com a falta de imunizante da AstraZeneca em alguns postos de vacinação no Brasil, uma parcela da população que tomou a primeira dose da AstraZeneca vem sendo encaminhada a tomar a segunda dose da Pfizer. O novo processo de vacinação contra o coronavírus levantaram alguns questionamentos e dúvidas. Este post do blog tem como objetivo esclarecer o assunto de intercambialidade entre as vacinas.  

Combinação de vacinas só existe com os imunizantes contra a COVID-19?

A vacinação heteróloga não é inédita. O esquema vacinal utilizado no Brasil para combate a poliomielite é intercambial desde 2016, se embasado em testes científicos, não há nenhum empecilho implícito na vacinação com diferentes fabricantes de imunizantes.  

Estudos sobre vacinação heteróloga

As presentes recomendações acerca da vacinação contra a COVID-19 de diferentes fabricantes baseiam-se nos recentes estudos publicados pela revista cientifica The Lancet envolvendo a vacina da Pfizer (tecnologia de RNA mensageiro) e a vacina da AstraZeneca/Oxford (tecnologia de vetor viral)
  • Resposta imune superior a vacinação de doses do mesmo fabricante

Em estudos da Universidade de Oxford publicados na revista The Lancet mostraram que vacinação com a primeira dose da vacina AstraZeneca, seguida pela segunda dose com a vacina da Pfizer gerou resposta imunológica superiores a vacinação homologa de doses da mesma fabricante – seja AstraZeneca, seja Pfizer.
  • Aumento dos efeitos adversos leves

Os mesmos estudos publicados na The Lancet apontam um leve aumento nas reações colaterais quando comparado a imunização em doses de mesmo fabricante. Os dados não são motivos de preocupação, não há relato de casos colaterais graves.
  • Mais estudos

Apesar dos estudos iniciais serem positivos, OMS (Organização Mundial da Saúde), Ministério da Saúde e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) ressaltam a necessidade de mais estudos sobre o assunto.  

É recomendado tomar vacinas contra a COVID-19 de diferentes fabricantes?

Por meio de nota técnica, o Ministério da Saúde recomenda que, se possível, mantenha-se a imunização homologa com as duas doses da vacina provenientes do mesmo fabricante, no entanto, em casos específicos de contraindicação da dose do imunizante de algum dos fabricantes ou por falta disponibilidade de doses na região, seja adotado o esquema vacinal heterólogo, respeitando o prazo de intervalo entre as doses já previsto na vacinação de mesmos fabricantes. A orientação do Ministério da Saúde segue as recomendações da OMS, que indica a vacinação de diferentes fabricantes caso os “benefícios superem os riscos, como em situações de desabastecimento.”  

Grávidas e puérperas podem tomar vacinas de diferentes fabricantes?

O Ministério da Saúde recomenda vacinação heteróloga para grávidas ou puérperas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca/Oxford, tomando a segunda dose da fabricante Pfizer, na falta desta, complete o esquema vacinal com a Coronavac (Sinovac/Butantan).  

Situação no Brasil

Alguns estados do Brasil estão enfrentando falta de doses da vacina da fabricante AstraZeneca no mês de setembro de 2021. A produção do imunizante no Brasil é de competência da Fiocruz, em nota, o órgão brasileiro ressaltou a previsibilidade do recebimento do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), e que nos próximos meses manterá a regular entrega e disponibilidades das vacinas.  

Situação em outros países

O Brasil não é o único a adotar o esquema vacinal heterólogo contra a COVID-19, Alemanha, França, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Canada e Reino Unido são alguns dos países com sistemas de vacinação de doses de diferentes fabricantes.   Apesar de alguns problemas logísticos relatados em partes do Brasil, estamos conseguindo avançar no calendário de vacinação. A imunização completa para vacinas de duas doses é imprescindível para combatermos a pandemia do coronavírus, por isso, fique atento ao calendário de vacinação da segunda dose e complete o esquema vacinal. Para mais informações sobre a pandemia do coronavírus, veja outros posts do Editorial COVID-19.   Então, quanto a dúvida sobre a vacinação na segunda dose com a Pfizer, fique tranquilo, é seguro e comprovado cientificamente que o nível de eficácia é o esperado pelo OMS e Ministério da Saúde.  É importante completar o ciclo de vacinação.  
Fontes: Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde,  Organização Mundial da Saúde, Sociedade Brasileira de Imunizações e The Lancet.