Gestão

21 de janeiro de 2021

A TENDÊNCIA: saúde e segurança no centro do futuro do trabalho

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Hoje queremos trazer um texto um pouco diferente, no final de 2019 a OIT – Organização Internacional do Trabalho completou 100 anos e divulgou um estudo muito interessante que reforça nosso pensamento: prevenção eficaz continua a ser um dos nossos maiores desafios. Vamos trazer, brevemente, alguns pontos abordados do material, e no final deste, disponibilizaremos o link para que possam ter acesso ao conteúdo completo. Mas o mais importante é entendermos que nós, profissionais da área de saúde e segurança do trabalho temos um papel fundamental no futuro das pessoas! Agora vamos para conteúdo...  

Estimativas de acidentes de trabalho no mundo, uma triste realidade

Vamos falar sobre as estimativas de acidentes de trabalho no mundo, mas de uma forma consciente, a ideia não é ser alarmante, mas sim ter a consciência de como estamos hoje e fazer uma análise da relevância de nossa área na vida das pessoas. De acordo com as estimativas publicadas recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), todos os anos, 2,78 milhões de trabalhadores morrem devido a acidentes do trabalho e doenças profissionais (2,4 milhões dos quais devido as doenças) e mais 374 milhões de trabalhadores são vítimas de acidentes não fatais. Fazendo um paralelo com o momento que o mundo enfrenta hoje, podemos ter uma base do que representam estas estimativas da OIT, se as compararmos com as tristes estatísticas divulgadas pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), onde tivemos em 2019 cerca de 2 milhões de mortes. Este paralelo nos mostra a relevância de nossa área para garantir um futuro sustentável, onde a saúde e a segurança dos trabalhadores sejam a prioridade.  

Custos com acidentes e afastamentos

Outra triste realidade, é a de que volta ou outra, sempre nos deparamos com frases como; “você vai quebrar a empresa comprando tantos EPIs” ou “por que tanto dinheiro para se adequar apenas uma máquina?” Mas um dado que não pode ser desprezado são os custos de todos estes acidentes, mortes e afastamentos. Estima-se que os dias de trabalho perdidos, a nível global, representam quase 4% do PIB mundial, em países com maiores níveis de acidentes este percentual pode representar até 6%. Trazendo estas estimativas para nosso dia a dia, o quanto afastamentos por acidentes, altas taxas de absenteísmo, despesas como adicionais por falta e adequação em alguns setores e o passivo gerado por estes fatores representam no faturamento de sua empresa. E já é hora de entender o custo da falta de uma política eficaz de SST.  

Caminhando para uma cultura de prevenção

O caminho da SST foi longo, desde a criação da OIT em 1919, ela se dedica a criação de normas para risco e atividades especificas, assim como para disposições gerais. Fazendo uma breve retrospectiva, temos em 1919 a confecção das primeiras normas com a R4 de envenenamento por chumbo, em 1929 a R31 de prevenção de acidentes industriais, em 1953 a norma de disposições gerais, R97 proteção da saúde dos colaboradores e este trabalho é contínuo, sempre em evolução, mas existem momentos em que há um avanço coletivo. Acredita-se que quando falamos no conceito de “cultura de segurança”, este momento seja o do acidente nuclear de Chernobyl em 1986, onde depois de vários estudos e relatórios recentes, se leva em consideração as fragilidades nos sistemas e procedimentos de segurança como a causa do acidente. Desde então cria-se a necessidade de ter um olhar mais macro, que saia da proteção de um posto ou atividade específica e seja mais holística. Entendendo que o que conta é um conjunto de ações, procedimentos, processos e conceitos, que fazem com que uma cultura efetiva de segurança se forme, inserindo o pensamento multidisciplinar e integração das áreas e especialidades.  

Multidisciplinaridade na gestão de SST

Quando tentamos entender o futurado dos profissionais de algumas áreas especificas é comum imaginar especializações e o desenvolvimento de habilidade especificas, mas a visão da área de SST é mais abrangente, pense por exemplo na interação com higienistas do trabalho, como isso tem mudado nosso dia a dia. É provável que caminhamos para uma combinação de disciplinas, formando um conjunto de competências, como disciplinas psicossociais e económicas. É Importante ponderar também a ligação entre disciplinas como: direito (políticas públicas e direito do trabalho); concessão do trabalho (engenharia, ergonomia, software e automação); ferramentas (tecnologia, tecnologia de saúde e sensores); ambiente; impactos físicos e sociais (saúde pública, nutrição, atividade física e demografia); natureza humana (psicologia, sociologia e economia); medicina e neurociência; organização do trabalho; concessão e recursos humanos. Esta forma mais holística de se observar nossa área é necessária e cada vez mais vai se fazer presente, pois é necessário entender que cada vez mais a indústria de serviços vai crescer enquanto a indústria tradicional de transformação, de forma lenta, vem reduzindo sua participação do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Com isso cada vez mais os profissionais precisarão estar preparados para lidar com formas atípicas de trabalho.  

Fatores de risco de formas atípicas de trabalho

A atividade atípica tem representatividade cada vez maior em nosso mercado de trabalho e ela traz dois grandes fatores de risco com graves consequências: 1. DESEORGANIZAÇÃO Empregos de curta duração que exigem e geram pouca ou nenhuma experiência, tem por característica pouco acolhimento e formação dos contratados e as contratantes costumam manter baixo nível de supervisão. Somados a estes pontos, observamos um conjunto de procedimentos e comunicações ineficazes, que dificultam muito a gestão de SST. 2. FALHAS DE CARÁTER REGULAMENTAR Existe pouco conhecimento dos direitos e obrigações legais e um acesso limitado à normas de SST e ao direito de indenização dos trabalhadores, além de não conformidade e supervisão regulamentar insuficiente.  

Consequências

Estes cenários trazem uma série de consequências: trabalho inseguro, horários de trabalho excessivos ou irregulares, acumulação de empregos, conflitos entre a vida profissional e pessoal, pagamentos irregulares, tarefas extras e alteração da carga de trabalho, remuneração e benefícios insuficientes. Todos estes somados vão trazer problemas a saúde pública, nos remetendo novamente a reflexão inicial sobre as estimativas de mortes por acidentes e doenças profissionais.   Esperamos que este texto traga um olhar mais abrangente sobre a nossa área e nossos desafios para os próximos anos, e se quiser saber mais sobre este estudo acesse o link no final do texto.   Como conseguir as outras dicas? Continue estudando e não deixe de acompanhar o nosso blog, estamos sempre publicando novidades e outros textos reflexivos como esse. Até a próxima!   Fontes: Estudo OIT Estatísticas mundiais sobre o COVID-19: https://www.paho.org/pt/covid19